É denominado Período Joanino a fase da história brasileira em que a
Família Real Portuguesa, ameaçada por Napoleão, e tendo como rei Dom João VI,
foi forçada a abandonar a metrópole e seguir para o Brasil, transferindo para
esta então colônia, a administração de todo o império ultramarino português.
Tal momento, de importância capital para o Brasil, recebe então comumente o
nome do monarca português, pois representa um importante passo rumo à futura
independência, em 1822. Em 1808, diante da iminente invasão de Napoleão ao
território português devido à sua desobediência ao Bloqueio Continental
(proibição de que nenhum país europeu poderia realizar comércio com a
Inglaterra), promovido pela França, e sem condições militares para enfrentar os
franceses, o príncipe regente de Portugal, D. João, resolveu transferir a corte
portuguesa para sua mais importante colônia, o Brasil, contando, com a ajuda
dos aliados ingleses. Tal transferência do Estado Português para o Brasil foi
fundamental para que nosso país pudesse encaminhar seu processo de emancipação
política. O primeiro passo nesse sentido foi dado poucos dias após o
desembarque de D. João na Bahia (de onde depois seguiria para o Rio de
Janeiro). Trata-se do decreto (na época denominado carta-régia) de abertura dos
portos brasileiros “a todas as nações amigas” – que na ocasião se resumiam à
Inglaterra, já que até os Estados Unidos mantinham relações preferenciais com a
França Napoleônica. Era, na prática, o fim do Pacto Colonial. O governo de Dom
João VI no Brasil também foi marcado por importantes obras de infraestrutura.
Como o monarca de um reino europeu necessitasse de ambiente adequado à sua
importância, logo se iniciou um verdadeiro remodelamento da ex-colônia, agora
sede de um império. Exemplos não faltam de obras, como a construção de estradas
e portos, e por inúmeras obras públicas. Foi no Período Joanino que foram
fundados o Banco do Brasil, a Biblioteca Real, o Jardim Botânico, a Casa da
Moeda e a Academia Real Militar. Fruto desse rápido progresso, o rei D. João
acaba por fundar, em 1815, o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves,
consolidando a ascensão do Brasil de colônia a reino em status igual ao de
Portugal. Quando as cortes, reunidas em Lisboa mais tarde, estão decididas a
fazer retroceder o status do Brasil em meio ao Império Português, um
descontentamento natural se eleva no Brasil, gerando um dos fatores para a futura
independência brasileira. Os franceses permaneceriam em Portugal durante poucos
meses, pois o exército inglês nesse meio tempo conseguiu derrotar as tropas de
Napoleão. Consequentemente, o povo português passou a exigir o retorno de seu
rei, que ainda se encontrava no Brasil. Em 1820, ocorre a Revolução do Porto,
na qual os revolucionários vitoriosos passam a exigir o retorno de D. João VI
para Portugal e a aprovação de uma Constituição. Com esta pressão, D. João VI
decide finalmente voltar para Portugal em abril de 1821. Em seu lugar,
administrando o Brasil, permaneceria seu filho, D. Pedro I, como príncipe
regente, terminando assim o chamado período joanino na história brasileira.
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