sábado, 21 de setembro de 2013

SIGNIFICADO DA PALAVRA EUROPA:


A Europa começou inicialmente por ser um termo geográfico, com origem nos antigos gregos. Estes consideravam que o mundo tinha a forma de uma esfera, sendo que as massas de terra deveriam estar dispostas de forma simétrica. Assim conceberam inicialmente duas grandes massas: para oriente da Grécia ficava a Ásia – que significa a terra do sol nascente – enquanto que para o ocidente ficava a Europa – a terra do sol poente. A Líbia (África) – a terra do vento de sudoeste, o chuvoso – foi mais tarde acrescentada, inicialmente unida à Ásia, por se julgar que esta tinha uma extensão inferior à Europa, permitindo assim que as duas grandes massas se equilibrassem. E assim nasceu a Europa. Durante muito tempo, a Europa foi apenas um termo geográfico tanto para os gregos como para os romanos. As civilizações destes dois povos que tanto viriam a influenciar a civilização europeia, estavam centradas no Mediterrâneo, sendo a Europa apenas uma das suas margens. O grande acontecimento que viria a individualizar a Europa foi a invasão muçulmana das terras mediterrânicas no século VII. Desde o século IV que o mundo mediterrânico se tinha tornado o espaço da cristandade com a conversão do império romano a esta religião. No entanto, esta unidade foi destruída com a conquista e absorção da margem africana e asiática do Mediterrâneo pelo Islão. Somente no espaço europeu, a cristandade conseguiu resistir. Mais, não só resistiu como ainda conseguiu, nos séculos seguintes, converter e integrar no seu espaço os povos pagãos germânicos e eslavos que viviam no norte do continente. Desta forma, o espaço geográfico da Europa passou a coincidir, grosso modo, com o espaço cultural da cristandade, tendo esta gerado uma influência profunda em todos os povos integrados nesse espaço. Note-se, no entanto, que todo esse espaço cultural era designado pelos seus habitantes de Cristandade e nunca por Europa. A palavra Europa vai começar a ter um uso mais comum a partir do século XVI. Na perspectiva de Lucien Febvre, tal deve-se a dois fenómenos. Um, foi a descoberta da América, vista como uma nova parte do mundo, algo que levou a uma maior valorização da noção geográfica de Europa por forma a melhor contrastar o Velho Mundo com o Novo Mundo. Outro fenómeno, foi a Reforma Protestante que levou a uma cisão na Cristandade Ocidental, com Protestantes e Católicos a designarem-se como os verdadeiros cristãos. Assim, na impossibilidade de designar o todo por Cristandade, foi retomado com mais força o termo pré-cristão de Europa para designar todos esses grupos. A partir do século XVIII, o termo Europa adquiriu um novo significado: passou a ser vista por alguns homens cultos europeus como a sua pátria comum, procurando-se dessa forma transcender as divisões religiosas e políticas existentes no continente. Em comum, ligava-os a cultura laica do Iluminismo. Estes homens, tinham um importante ascendente sobre os soberanos europeus e esperavam influencia-los no sentido de se caminhar para uma Europa unificada. Procurava-se, assim, refazer a antiga unidade cristã, mas desta vez com base em valores seculares e não religiosos. No entanto, este sonho encalhou nos escolhos dos nacionalismos que emergiram em finais do século XVIII. Para os nacionalistas, a Europa, com a sua tendência unificadora, passou a ser o adversário das nações e das suas especificidades. Mas o velho sonho de unidade não desapareceu e a partir do século XIX, com a consolidação das nações, passou a idealizar-se uma federação de nações, sendo que a atual União Europeia é influenciada por tal ideia.

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