A história do município e da cidade de Heliodora está ligada à época
da descoberta do ouro em Minas Gerais, no século XVII, por bandeirantes
paulistas. Foi a expedição de Fernão Dias Paes Lemes que deu início ao
povoamento da região, especialmente com a criação das fazendas de abastecimento
e pouso instaladas nas proximidades dos caminhos. Após a difusão da notícia, muitos aventureiros
iniciaram um verdadeiro arrastão pelo Estado, motivados pela esperança de
enriquecimento rápido, e aumentando, consideravelmente, em sua passagem, o
número de pequenos núcleos populacionais que mais tarde se constituiriam em
povoados, vilas e posteriormente em cidades. Por volta de 1850, toda a região já havia sido
explorada em busca do precioso metal, encontrado no arraial de São Gonçalo do
Sapucaí, cujas minas denominadas Ouro Fala e Santana do Sapucaí, segundo
consta, produziram cerca de 40 toneladas do minério. Muitas das lavras ali
existentes pertenciam a Inácio José de Alvarenga Peixoto, antes de ser preso,
sentenciado e declarado infame pela Coroa Portuguesa, por ter participado da
Inconfidência Mineira, e tendo seus bens confiscados.
Nossa região era de mata virgem, e mesmo assim acabou sendo ocupada
por diversas famílias que aproveitavam a terra para a agricultura e a criação
de gado.
Por volta de 1816 as terras do município e da cidade de Heliodora
pertenciam a uma Fazenda denominada Santa Isabel dos Coqueiros, de propriedade
de Venceslau Rodrigues (dado comprovado por um registro feito na pág. 8 do 6º
livro de óbitos de Campanha, relatando a morte da filha do referido
fazendeiro). Muito mais tarde, em 1845, com o falecimento de Venceslau
Rodrigues, a fazenda foi dividida entre herdeiros e compradores. Em 1869, essas
mesmas terras já faziam parte de uma fazenda de muitos alqueires, denominada
São Joaquim do Paraíso, que seria dividida entre os herdeiros de Feliciana
Maria do Nascimento. Nessa divisão, o referido terreno, que continha uma área
estimada de 70 alqueires, coube por herança aos senhores Guilherme da Silva
Mendes e sua esposa Ana Vitória de Jesus, Catarina de Sene e Caetana Maria de
Jesus. Nessa ocasião, os referidos herdeiros fizeram doação de 11 alqueires,
para o patrimônio de uma Igreja, onde deveria ser construída uma capela e um
cemitério, conforme documento de doação datada de 15 de fevereiro de 1869.
Pouco mais tarde, o lavrador José Vieira da Silva, vindo da freguesia de Santa
Catarina, atual cidade de Natércia, comprou terras próximas dessa fazenda e ao
procurar o Cartório de Registro localizado na cidade de Campanha, tomou
conhecimento da doação e retornando, deu conhecimento do fato a alguns
moradores da pequena vila que já se formava e com a ajuda de Maximiano
Gonçalves de Siqueira e Joaquim Bibiano Gonçalves iniciaram a construção da
capela e do referido cemitério. José Vieira construiu ainda e fez a doação de
uma casa, destinada a Casa Paroquial. Nascia o pequeno povoado que passou a ser
chamado Santa Isabel, pertencente ao distrito de Santa Catarina. Com a Criação
do Município de São Gonçalo do Sapucaí, pela Lei provincial n º 2.554, de 19 de
outubro de 1878, Santa Isabel passou a pertencer ao novo município. José Vieira
da Silva, principal fundador de Santa Isabel era homem de pouca Instrução, mas
inteligente e trabalhador. Atuou eficientemente como administrador do lugar,
financiando despesas avultadas para pagamento de policiamento e hospedando
inúmeras pessoas vindas como autoridades ou a passeio. No Ano de 1895 foram
nomeadas professoras para o arraial, que traria melhorias consideráveis para a
Instrução local. Os fazendeiros, senhores de muitos escravos, eram verdadeiros
Bandeirantes no que diz respeito ao aproveitamento da terra, no cultivo de cereais,
cana, fumo e milho. Os Produtos eram transportados até Parati, porto mais
próximo. Mais tarde, os produtos eram conduzidos por tropeiros para Itatiaia,
Queluz, Cruzeiro, Cachoeira Paulista e Lorena, na medida em que os trilhos da
ferrovia avançavam rumo a São Paulo. Com a libertação dos escravos, que se
dispersaram, os fazendeiros, sem recursos, abandonaram as lavouras e se
dedicaram a criação de gado.
Em virtude da Lei Estadual n º 845 de 07 de setembro de 1932 mudou-se
a denominação de Santa Isabel para Heliodora, homenageando a heroína da
Inconfidência "Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira", esposa de
Alvarenga Peixoto, participante da Inconfidência Mineira. Em 17 de dezembro de 1938, de conformidade com
a Lei nº 148, passou a ostentar o título de vila, graças aos esforços
incansáveis de muitos dos seus habitantes, dos quais se destacaram os senhores:
Prof. José Vieira Sobrinho, Celso Vieira Vilela, Júlio Dias Chaves, José
Capistrano, Luiz Fernandes Vieira, João Benedito Gonçalves, Augusto Honorato de
Souza, Benedito Toledo e Justino Damasceno Ferreira. Também conseguiram a
emancipação de Heliodora, desmembrando-a do território de São Gonçalo do
Sapucaí, pela Lei n º 336 de 27 de dezembro de 1948, com a denominação de
Senador Lemos. A Primeira eleição realizada no município ocorreu no dia 06 de
março de 1949, sendo os candidatos eleitos empossados dia 19 de março de 1949.
Foi eleito o Sr. Celso Vieira Vilela para o cargo de Prefeito, Luiz Fernandes
Vieira como Vice-Prefeito e a Câmara Municipal constituída pelos senhores: Prof.
José Vieira Sobrinho, José Dias Chaves, Ciro Fernandes da Silva, Benedito
Toledo, João Nepomuceno Cabral Neto, Gabriel José de Paiva, Dr. Justo Junho
Galo, Amador Bueno Paiva, Augusto Honorato de Souza. Estes impulsionaram o
progresso do município. Já nas eleições realizadas em 02 de novembro de 1952,
coube ao Sr. Luiz Fernandes Vieira o cargo de Prefeito Municipal. Nesta gestão
destacou-se o melhoramento no serviço de abastecimento de água, ajardinamento e
arborização da Praça Santa Isabel. Foi uma época na qual se empreendeu uma
campanha no sentido de reivindicar o retorno do antigo nome de Heliodora, uma
vez que a denominação Senador Lemos não tinha nenhuma relação histórica com a
vida da localidade. Desta maneira, pela Lei nº 1039, de 12 de dezembro de 1953,
o município de Senador Lemos voltou a chamar-se Heliodora, nome que ostenta até
os dias atuais.
Ao contarmos a história do
Município e da Cidade de Heliodora, não poderíamos, de maneira nenhuma, deixar
de citar os nomes de grandes personalidades que também não mediram esforços
para que a cidade se desenvolvesse e fosse inserida no chamado circuito das
águas existente no sul de Minas. São eles: o Sr. José Damasceno Ferreira,
eleito prefeito por cinco vezes no município, o Sr. João Carlos Natali,
responsável pelo órgão de arrecadação estadual local, professor Hernani José
Vieira, advogado e grande orador, Padre Joaquim Marciano de Oliveira, pároco da
Matriz de Santa Isabel que popularizou as festas em homenagem à padroeira da
cidade, o Sr. José Alphonso Carrilho, proprietário do único cinema local, o Sr.
Benedito Alves Mota, comerciante, dono da única padaria da cidade, Sr. Jaime
Vieira, proprietário do Clube Recreativo e Literário Heliodorense, entre tantos
outros.
Olá Jeferson, não sei se conhece ou ouviu falar sa família Gonçalves, gostaria de saber se vc tem algum conhecumento ou ouviu sobre a história da filha de um dos fazendeiros de Heliodora, na época Santa Isabel doa Coqueiros, que foi deserdada por se casar com um escravo
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