A vida de Isabel resumiu-se a cuidar dos pobres, visto que dispunha de
muitos bens recebidos por doação, e a orar. É conhecido o milagre das rosas,
ocorrido durante um rigoroso inverno: estava Isabel para sair do castelo e
levar pães aos pobres, quando seu marido cruzou-lhe o caminho e quis saber o
que levava no regaço. “São rosas, senhor”, respondeu-lhe a rainha. Desconfiado,
Dom Dinís insistiu: “Rosas, no inverno?”. Ao abrir o manto em que levava os
pães, dele caíram rosas frescas e belíssimas.
Os últimos anos do reinado de Dom Dinís foram marcados por tristes
conflitos internos, mas Isabel conseguiu que seu filho legítimo subisse ao
trono, após a morte do pai. Aliás, na doença final do marido, ela cuidou dele
com incansável carinho e solicitude, perdoando-lhe as tristezas e humilhações
que lhe causara. Com a morte de Dom Dinís a rainha Isabel retirou-se para o
convento de Santa Clara-a-Velha em Coimbra, onde tomou o hábito de Clarissa,
vivendo como sua tia, como penitente franciscana. Todavia, não fez os votos, o
que lhe permitia dispor de seus bens para continuar a ajudar os pobres. Só saiu
de lá uma única vez, pouco tempo antes de sua morte, outra vez para interceder
pela paz em sua família, visto que seu filho e o sobrinho deste estavam em
guerra por causa dos maus tratos que o este último infligia à sua esposa.
Isabel de Aragão morreu no dia 4 de julho de 1336. Desejou
ser sepultada no convento onde viveu seus últimos anos e no translado de seu
caixão, nele abriram-se fendas, das quais escorria um líquido estranho que os
presentes pensavam ser da decomposição do cadáver, visto que fazia muito calor.
Entretanto, o líquido era de um perfume inebriante. Em 1516, foi beatificada e,
em 1625, foi canonizada pelo papa Urbano VIII. Na história de Portugal, Isabel
é conhecida como a rainha da paz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário