Não se sabe quando é que Jerusalém foi fundada mas algumas
escavações puseram a descoberto evidências que provam que já existia durante a
12ª dinastia egípcia (século XIX e XVIII AC), altura em que alguns textos
egípcios mencionam a cidade e os seus governantes amorreus, Yaqar-‘Ammu e
Sasa‘-‘Anu, como sendo reais ou potenciais inimigos do Egito. Durante este
período, o VT menciona a cidade pela primeira vez sob o nome de Salém, cujo
governante - Melquisedeque - era, na altura, um sacerdote do Deus Altíssimo e,
portanto, com poder para abençoar Abraão e receber o dízimo do despojo que o
patriarca tomara de Quedorlaomer e dos seus confederados (Gen. 14:18-20). Quando
os Hebreus entraram em Canaã, no século XIII a. C., Jerusalém era uma cidade
independente à frente de uma confederação. Conservou a independência até ao
reinado de David, que quis fazer dela um centro político e religioso, base da
unidade do povo hebreu. David tomou a cidade em 1058 a. C. e construiu um
palácio fazendo transportar para a cidade a Arca da Aliança. Preparou então a
construção de um templo que só viria a ser erigido durante o governo do seu
filho Salomão. Sob este último, a cidade perdeu poder na sequência da cisão do
reino em 931 a. C. Vários povos estiveram de posse da cidade: o faraó Sesaq, os
Filisteus, que saquearam a cidade em 893 a. C.; Senaquerib, rei da Síria; Assurbanipal,
rei de Nínive (666 a. C.), cujos generais prenderam o rei Manasés e o levaram
para a Babilónia (quando regressou, este monarca reedificou a muralha erigida por
seu pai Ezequias); Nabucodonosor, em 587 a. C., que incendiou a cidade e levou
para o cativeiro da Babilónia muitos judeus entre os quais o profeta Daniel (só
em 538 a. C. é que Ciro, rei da Pérsia, autorizou o regresso dos judeus a
Jerusalém e permitiu a reconstrução do templo e da Cidade Santa que foi
completada em 445 a. C.); Alexandre Magno entrou em Jerusalém em 332 a. C.,
respeitando os costumes dos judeus mas destruindo a hegemonia persa; os
Selêucidas, que saíram vitoriosos sobre os lágidas egípcios, helenizaram a
cidade iniciando a sua decadência; os Romanos, a partir de 63 a. C., enviaram
Pompeio a Jerusalém com o intuito de debelar uma guerra civil, tornando-se a
cidade tributária de Roma. A partir daqui sucedem-se vários governadores
romanos. A inflexibilidade de alguns
governadores romanos deu lugar a um conflito que provocou a morte a muitos
romanos. Tito, filho do imperador Vespasiano, atacou Jerusalém em 70 a. C.,
destruindo os edifícios judaicos e apoderando-se da cidade. Foi erigido um altar
a Júpiter no lugar do templo judaico, o que provocou conflitos que terminaram
com a vitória do imperador Adriano em 135 d. C., interditando a cidade aos
judeus. O édito de Milão por Constantino motivou a procura dos lugares santos
pelos cristãos e o seu estabelecimento em Jerusalém, que teve o maior impulso
quando Santa Helena, mãe do imperador, encontrou a relíquia da Santa Cruz. Em
638 foi a vez de os muçulmanos atacarem a cidade sob o comando do califa Omar e
transformarem-na na cidade santa do Islão - al-Quds. Os muçulmanos foram até
certo ponto tolerantes para com os cristãos, mantendo boas relações. Contudo, o auxílio dado pelos cristãos aos
bizantinos não agradou aos muçulmanos provocando a discórdia, o que resultou na
destruição do Santo Sepulcro pelo califa Al Ha Kam, em 1010. Os Turcos, por sua
vez, começaram a oprimir os cristãos em 1077 quando ficaram de posse da
Palestina, o que motivou a primeira cruzada à Terra Santa em 1095. Em 1099
Godofredo de Bolhões foi eleito soberano de Jerusalém. O reino de Jerusalém
seria posteriormente destruído por Saladino em 1187, mantendo intacto o Santo
Sepulcro mediante o pagamento de um largo tributo. Esteve nas mãos dos
Mamelucos do século XIII ao século XVI, verificando-se neste período uma
predominância da população muçulmana. Em 1517 são os turcos que conquistam
Jerusalém sob Selim I. A ocupação otomana estende-se até 1917 refletindo-se
numa perda de importância de Jerusalém como lugar santo cristão e, em
contrapartida, numa renovação da comunidade judaica. No século XIX verificou-se a fixação de judeus
e cristãos em bairros localizados em torno do núcleo central da cidade.
Constituiu o seu centro intelectual, Telavive o centro económico. Passou a ser
palco de conflitos entre judeus e muçulmanos, que se tornaram mais violentos a
partir de 1947. Depois da Guerra dos Seis Dias (1967), a coligação composta
pelo Egito, Síria e Jordânia ficou sob o controlo israelita. Os Estados Árabes
condenaram a proclamação de Jerusalém como capital eterna de Israel em 1980, o
que provocou o recrudescimento dos conflitos. Para além dos edifícios
construídos pelas diferentes religiões (católica, protestante, ortodoxa,
judaica e muçulmana), destacam-se a Cúpula do Rochedo, chamada também Mesquita
de Omar, e o monumento mais significativo - o Santo Sepulcro. Erigido em 336 por Constantino, foi várias
vezes destruído e reconstruído: foi vítima de incêndio em 614; foi destruído
novamente em 1010 pela ação dos muçulmanos e foi reedificado em 1168 pelos
cruzados; um incêndio voltou a destruir parte da basílica em 1808 mas esta foi
reparada em 1810 com um novo projeto. A sua cúpula, que só se concluiu em 1868,
abriga o túmulo de Cristo no centro do monumento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário